11/05/2007

Dan Deacon

Estava discutindo com o Denem a força e a importância que o Pitchfork tem. Você pode ou não gostar, mas é inegável o que eles conseguem fazer com a carreira de um artista em uma resenha de disco. Se ela é positiva, sua banda muito provavelmente se dará bem mundo afora ou, no mínimo, no universo indie. Se é negativa, pode se preocupar, você poderá ter problemas. Uma matéria no ótimo The Guardian mostrava que artistas que receberam notas ruins tinham dificuldade em arrumar lugares para tocar e as vendas de seus discos caíam consideravelmente. O oposto acontece com aqueles que ganham a medalha de prata, o Recommended, ou o ouro chamado Best New Music. Obviamente estou generalizando bastante. Não é bem assim, você pode argumentar. Mas tudo bem, a questão aqui não é essa, então vamos pular esse papo.

Gosto do Pitchfork. Sempre descubro coisas ótimas por lá, vejo vídeos, ouço músicas novas, remixes, enfim. De uns tempos pra cá, entretanto, - e talvez isso não passe de loucura minha – uma coisa ruim vem acontecendo: a quase infantil disputa entre o site e os blogs americanos de MP3, que vêm conseguindo “alavancar” artistas antes que o Pitchfork o faça. O motivo é que os blogs podem falar de qualquer banda antes do disco ser lançado, coisa que o Pitchfork não pode e não faz. Por conta disso, o site evita ao máximo dar uma nota boa para artistas os quais os blogs já falaram bem, o que é bem ridículo.

Mas consigo ver um lado bom nisso tudo: o Pitchfork vai atrás de coisas muito boas que os blogs não estão falando. E só agora, depois dessa falação toda, chego ao disco de hoje, Spiderman of the Rings. O título por si só já merece ser vangloriado por meses. Anos, eu diria. É a coisa mais nerd que poderia ter sido lançada esse ano. E eu o descobri lendo a resenha do Pitchfork de hoje, que deu a ele um Best New Music (nota 8.7).

Curioso, entrei no myspace do tal sujeito pra ouvir suas músicas. Descobri que Dan Deacon é um gordinho bem nerd, meio careca e que faz parte de um coletivo de artistas esquisitos da cidade de Baltimore. Peguei o disco e me deparei com nove faixas absurdamente fudidas, algo entre o eletrônico e a demência que só um nerd causador pode proporcionar.

Músicas como “Woody Woodpecker” e “Okie Dokie” são bons exemplos da felicidade inocente e natural: Dan nasceu assim e vai ser sempre assim, um balofinho de óculos gigantes que usa camisetas do Fred Flintstone em seus shows. “Wham City”, a melhor do álbum, dura doze intensos minutos que te farão gritar com todos os seus amigos depois de uma maratona de Mario Kart 64 que durou a madrugada toda. Em Spiderman of the Rings, tudo é lo-fi, verdadeiro, simples e confuso. A loucura-nerd permeia todas as canções, e é isso que eu adoro em um artista. Um disco que me deixou ainda mais feliz no fim dessa semana fria e agradável.