05/03/2007



Tantos dias sem postar e tantas coisas pra escrever e tantas coisas que aconteceram. Eram nove e vinte e cinco da noite quando eu apertei o play e coloquei Pullhair Rubeye pra tocar. Eu estava com dor de cabeça, sentado no avião ainda parado, após passar duas horas na delegacia fazendo o boletim de ocorrência da câmera roubada e após passar algumas boas horas debaixo de um sol muito quente.

Antes de mais nada, vale dizer que a primeira versão desse disco que vazou na internet era totalmente ao contrário. De trás pra frente. Algumas músicas inclusive tinham a velocidade alterada. Todo mundo pensou ser uma brincadeira, seria o mais óbvio. Mas o próprio Avey Tare, também integrante do Animal Collective, passou um comunicado no site da banda dizendo que esse era, de fato, o disco.

Eu amo a vanguarda. Gosto de coisas esquisitas, discos bizarros, músicas que realmente te fazem questionar um monte de coisas ao seu redor. Mas pra tudo existe um limite. Não quero entrar no mérito da questão: pouco me importa se você gostou do disco ao contrário. Eu simplesmente não gostei. Obviamente já circula por aí versões do disco “de frente pra trás”, ou seja, exatamente como ele foi gravado. A versão que coloco acima pra você baixar é essa.

Voltando ao avião, nove e vinte e cinco da noite, o ar condicionado meio pifado e dois desconhecidos de ambos os lados. Nesse exato momento, nessa situação, Pullhair Rubeye foi como um oásis em meio a tanto caos. Trinta e oito minutos deliciosos de calmaria-e-relaxamento-e-esvaziando-a-cabeça, talvez o melhor momento do meu dia. A linda voz da Kría Brekkan, que sou fã desde o primeiro disco do Múm, somada aos violões e esquisitices minimalistas de Avey Tare, me derreteu do início ao fim.

Ainda que não seja tão bom quanto o Person Pitch, do colega de banda Panda Bear, Pullhair Rubeye é um grande lançamento de 2007. A combinação do casal Avey e Kría (eles realmente se casaram) certamente só poderia dar bons frutos. Pelo menos no campo musical.