23/10/2007

Hunting heads

Deveríamos ficar preocupados se já encontramos o amor supremo? Deixando o trocadilho de lado, hoje é um dia triste pra música. O Oink (procura aí no Google) acabou. Prenderam o sujeito que começou com tudo – um nerd de 24 anos que trabalhava com tecnologia. Não quero entrar na discussão do que é certo ou errado, mas pelo menos eu estou de luto.

Por isso resolvi postar dois álbuns aqui: A Love Supreme, do John Coltrane, e Head Hunters, do Herbie Hancock. Não sei qual a relação desses álbuns com o fim do Oink. A princípio não tem nada ver. Mas pode ter tudo a ver, é só observar seus títulos e fazer a relação que a sua cabeça mandar.

John Coltrane - A Love Supreme

A Love Supreme (1965) tem apenas quatro faixas (que são, na verdade, quatro temas: “Aknowledgement”, “Resolution”, “Pursuance” e “Psalm”), todas com mais de sete minutos. E, apesar da capa em preto e branco, este é um álbum repleto de cores vibrantes, quase infinitas. É jazz à frente de seu tempo, difícil num primeiro momento, inovador e abrangente em outro. Dizem que o improviso típico de A Love Supreme influenciou todo mundo mais tarde, artistas inclusive de outros gêneros, como o rock.

Herbie Hancock - Head Hunters

Herbie Hancock é tido como um dos revolucionários do jazz, por misturar diversas sonoridades (rock, funk) e criar um som totalmente inovador pra época. Ainda para os padrões de hoje, Head Hunters (1973) continua sendo um disco extraordinário, e ouvi-lo é sempre uma experiência sensacional. “Chameleon”, faixa de abertura, tem efeito rejuvenesceste: fico um ano mais jovem cada vez que a ouço.

Os dois álbuns se relacionam de uma maneira muito simples na minha cabeça: costumam abrir a cabeça e ampliar horizontes de muita gente que dá atenção a eles. O que me faz questionar um monte de coisas. Será mesmo que o compartilhamento de música nos chamados P2P tem a ver com a queda nas vendas de discos? Será que, daqui alguns anos, ele será liberado? Quem baixa, compra? E quem compra, baixa? São a mesma pessoa? Não sei. Acho que ainda preciso ampliar meus horizontes e abrir minha cabeça da melhor forma possível para responder essas perguntas.

Vale a pena:


Herbie Hancock - "Chameleon" (ao vivo em Chicago, 1974)