Na minha cabeça, ouvir Maher Shalal Hash Baz é como caminhar por campos de arroz no Japão, em montanhas próximas a rios cheios de peixes e pedrinhas minúsculas. É como ouvir um livro do Murakami. Mais que simplesmente perceber, é como desejar que a vida seja muito mais simples do que é. Ouvir Maher me faz sentir vontade de encher uma cumbuquinha com gohan, sentar num chão de bambu com outros trinta camponeses e aproveitar o breve momento de descanso.
L'Autre Cap, disco novo do mestre japonês Tori Kudo e sua banda Maher Shalal Hash Baz, é mais uma prova de que a simplicidade pode ser genial. Lançado dessa vez pela K Records, Tori junta vinte e sete delicadas músicas que misturam free jazz, folk, twee, indie pop e até um pouco de psicodelia, tudo composto com uma penca de instrumentos de sopro, guitarras desafinadas e vocais tortos, às vezes em inglês mal cantado, às vezes em japonês. Canções inocentes e quase hipnóticas, com uma sensibilidade que geralmente falta ao lado ocidental.
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