01/03/2006

Ram

I guess you never knew,

Dear boy, what you had found,
I guess you never knew,
Dear boy, that she was just the cutest thing around.
I guess you never knew what you had found,
Dear boy.

Gosto de arranjos de voz. Vários arranjos vocais numa mesma música. Gosto de pensar que estou cantando todos, ou que todos foram criados por mim. Gosto de fingir que está tudo bem. Não gosto de acordar às oito da manhã. Nem depois às dez e pouco. Mas gosto de brincar com meu cachorro e conversar com minha mãe. Gosto de não ter que fazer nada e ver ela preparando café com leite, biscoitos e banana com mel pra mim. Gosto de ouvir músicas antigas. De discutir músicas antigas com meu pai, de mostrar músicas antigas pra minha mãe. Sei que ele vai querer discutir. Sei que ela vai gostar. Gosto de entrar no msn e não ver ninguém. Me sinto o dono na Microsoft por aproximados dois segundos. Gosto de saber que música estava tocando quando capotamos o Escort modelo antigo na estrada pra Ribeirão Preto no começo dos anos 90. Gosto de ficar de regata e cueca o dia todo, com o cabelo sujo e o nariz segurando os velhos óculos na cara, pra facilitar a leitura de um monte de coisas inúteis. Gosto de pensar que todo dia é Carnaval, que moro numa cidade quase deserta com o céu bonito sem poluição. Gosto de pensar que pessoas são boas pra outras pessoas. Não gosto de pensar que as pessoas precisam sofrer. Não gosto. Mas gosto de pensar que divido uma rua com libélulas, libéluas gigantes que chegam a ensurdecer os passantes com o rápido bater de suas asas. Gosto de fingir que vivo num mundo psicodélico, recheado de arcos-íris que alimentam suas cores a partir dos encontros felizes entre seus habitantes, a partir de seus sorrisos. Como num filme. Ou um desenho animado famoso. Como se a vida fosse feita de gostar e não gostar.