14/12/2006

Sem mais demoras, terminei minha lista dos dez melhores discos lançados em 2006. Nem preciso dizer que não existe coisa mais injusta do que listas, e que os critérios são extremamente subjetivos. E, convenhamos, listas são inúteis. Mas as pessoas adoram lê-las e, admito, eu adoro fazê-las. Obviamente, tudo pode mudar daqui uma semana, daqui um mês ou hoje mesmo, assim que eu terminar de postar aqui. Vamos lá:

1. Liars - Drum's Not Dead

A obra-prima de 2006. Odiei esse disco por um mês e hoje ele aparece no topo da lista. Toneladas de percussão, vocais sussurrados, doze faixas que poderiam ser uma só. Não dá muito pra explicar a força que tem o Drum's Not Dead.
Compre esse álbum, fuja desse mundo feio e ouça-o no repeat inúmeras vezes com seu melhor fone de ouvido. Genial.

2. Islands - Return to the Sea

Dois ex-membros do Unicorns lançaram um disco com sua nova banda. Isso já diz muita coisa, quase o suficiente para esse álbum estar aqui. Mas, independente de qualquer coisa, ninguém faz música como o Nick Diamonds hoje em dia. Nada soa como o Islands ou o Unicorns. Return to the Sea é como se o Bob Esponja fosse indie e quisesse ter sua própria trilha sonora, uma opereta do fundo do mar. Maravilhoso do início ao fim.

3. I'm From Barcelona - Let Me Introduce My Friends

O disco mais "celebração" do ano. Uma celebração à celebração, aliás. Vinte e nove pessoas na mesma banda, um frontman wannabe Wayne Coyne de bigode, músicas que grudam na cabeça como chiclete derretido no asfalto em dias quentes. Twee para as massas, hit atrás de hit. Se você ouviu Let Me Introduce My Friends mais de duas vezes, com certeza já se pegou cantando "Treehouse" em algum momento do dia. Ah, eu disse que eles são da Suécia? Porque, de alguma forma, isso resume tudo.

4. Joanna Newsom - Ys

A representante dos elfos na música volta com um segundo disco tão bonito quanto o primeiro. À frente do seu tempo, Joanna conta fábulas esquisitas, toca sua harpa magistralmente e convida um monte de gênios pra participar e ajudá-la a fazer um disco impressionante, que às vezes soa como uma trilha antiga da Disney. Ys pode te irritar muito, ou ser um dos mais ouvidos por você em 2006.

5. Dr. Dog - Takers and Leavers EP

Por que ninguém dá bola pro Dr. Dog? Easy Beat, segundo disco deles, é um dos melhores do ano passado, sem dúvida nenhuma. Pode procurar por aí, mas eu duvido que você encontre alguém que misture folk, country, indie, rock do final da década de 60 e psicodelia com tanta competência como eles. Nesse EP, o quinteto nos oferece canções maravilhosas e apaixonadas, músicas de chorar com tanta beleza e sinceridade.

6. Bonnie "Prince" Billy - The Letting Go

Ah, Will Oldham. Barba e careca, genialidade e simplicidade, tristeza e calmaria. Arrisco dizer, esse é o melhor disco do Bonnie "Prince" Billy até o momento. Obra de um dos maiores letristas da atualidade, The Letting Go é acessível pra qualquer um que aprecie música. É calmo e suave, como um café da manhã num domingo frio. Ótima companhia pra todos os momentos da vida.

7. Danielson - Ships

Religioso fervoroso de voz bizarra e aguda, Brother Danielson lançou em 2006 uma pepita pra todos os gostos. Música pop e esquisita na medida certa, letras inteligentes e muitos instrumentos recheiam Ships, que tem esse nome por conta dos "ships" da língua inglesa (relationship, friendship, etc), o que me faz gostar ainda mais dele.

8. Hot Chip - The Warning

Sempre fui fã do Hot Chip. No ano passado, fiz questão de colocar o álbum de estréia deles na minha lista de melhores do ano. Em 2006, eles voltaram com um disco ainda mais espetacular. Mais pop e dançante, The Warning é uma maravilha sem limites, feita por nerds ingleses que, apesar de não aparentar, sabem bem o que estão fazendo.

9. TV On The Radio - Return to Cookie Mountain

É muito complicado fazer um grande disco de estréia. O segundo, geralmente, nunca é tão bom quanto o primeiro. Mas o TV On The Radio foi além, nos presenteando com um álbum ainda mais forte que o anterior. Mistura perfeita de rock, elementos eletrônicos e camadas sonoras, o instrumental torto funciona como uma confortável, porém caótica cama para receber os poderosos vocais de Tunde Adebimpe e Kyp Malone.

10. Grizzly Bear - Yellow House

Se você ficasse minúsculo, desse de cara com uma casa abandonada e a vasculhasse, ouviria, bem baixinho, as músicas de Yellow House em cada canto dela. Um disco meio estranho à princípio, que carrega uma beleza difícil de ser digerida, talvez pela simplicidade das músicas, que podem passar despercebidas para alguns. Pós-folk? Não sei, mas o Grizzly Bear se tornou um dos meus preferidos do ano por ser tão bonito, simples e único de maneiras tão estranhas e difíceis de serem expressadas com palavras.